“O segundo dilúvio não terá fim. Não há nenhum fundo sólido sob o oceano de informações. Devemos aceitá-lo como nossa nova condição. Temos que ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar”.
Pierre Levy. Cibercultura, 2000
Numa manhã dessas, no intervalo de uma série de treinamentos on-line, parei para acompanhar minhas redes sociais. Percebi uns quatro artigos novos em newsletters do LinkedIn, dezenas de vídeos de pessoas dando pequenos conselhos de vida no Instagram, muitas propagandas e até uma aluna ensinando a fazer uma tapioca com ovo, num vlog de seu café da manhã. Aliás, essa é uma tendência no Instagram: pessoas fazendo vlogs de algum trecho de sua rotina, com aquelas estranhas vozes mecânicas narrando o que fazem, o que deve ser coisa de algum aplicativo.
Me foi mais uma vez escancarado o fato de que estamos vivendo a era do excesso de informações, da hipérbole de estímulos, do exagero de exposições. E que isso é bastante cansativo. E causa muita ansiedade. Nos cursos que tenho conduzido sobre Carreira e Inteligência Emocional, temos falado dos sentimentos em torno de um dia de trabalho: a sensação de terminar a tarde “devendo” para alguém, a incapacidade de planejar o dia, o excesso de interrupções que chegam por whats, teams, outlook, telefone… de que estamos todos nos demandando muito, conectados demais e estranhamente com a sensação de que é preciso produzir mais, interagir mais, dar mais dicas, comentar mais. O princípio da adição, do vício. O que nos deixa bastante atordoados.
Vem à memória uma aula de comunicação que ministrei há uns 10 anos, em que falava sobre as profecias que Pierre Levy fez, na virada do milênio, sobre a internet e o cyberespaço– como se chamava esse mundo de trocas virtuais que temos hoje. Ele anunciava que teríamos um segundo dilúvio e dessa vez estaríamos submersos num oceano de informações. E que seria preciso saber navegar nisso, saber que tipo de mensagem queremos lançar no mundo e de quais mensagens nos abasteceríamos, enquanto flutuamos.
Vale lembrar que no começo do milênio a Internet era apenas uma promessa, ninguém sabia ao certo onde iria levar. A velocidade de conexão era lenta e, a cada entrada na rede, era preciso esperar “completar a ligação”. Tínhamos sites estáticos, com apenas textos e imagens, comunicação por e-mail e mensagens de texto ou frases curtas por ICQ (quem se lembra?), que marcavam um tempo pré-redes sociais. Vídeos ainda eram muito pesados e a única forma de conectarmos nossos celulares às pessoas era por ligação ou mensagens de SMS. É interessante fazer esse tipo de mergulho no tempo porque cá estamos nós, duas décadas e pouco depois, fazendo vlogs de nosso café da manhã, sem que sequer possamos ganhar algum dinheiro com isso.
Quis ter uma noção do volume de nosso oceano e por isso fui atrás das informações de Data Never Sleeps 10.0. Peço que você me acompanhe e tente olhar para o horizonte, ou pode ficar mareado.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |